sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Semana Nacional do Cerrado




Hoje transcrevemos artigo de autoria do Deputado Joe Valle sobre o cerrado e a necessidade urgente de que se proteja esse importante bioma.

O texto foi publicado originalmente no site BRASILIA247 sob o título CERRADO ORGÂNICO.



O Ministério do Meio Ambiente promove este mês a Semana Nacional do Cerrado, entre os dias 11 e 16 de setembro, com o objetivo de despertar o debate, a reflexão e a sensibilização para a importância do bioma. Setembro é o pior mês do ano para o Cerrado, que sofre com a seca e as queimadas.

O Cerrado tem cerca de 207 milhões de hectares divididos entre os estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e o Distrito Federal. É hoje o maior produtor de grãos do país, mas têm quase 50 por cento de sua vegetação original devastada ou comprometida.A exploração do segundo maior bioma brasileiro foi iniciada na década de 1970. Aqui, plantava-se arroz, criava-se gado extensivamente, a madeira era extraída sem controle e produzia-se carvão vegetal. A ocupação agrícola, ao longo desses 40 anos trouxe grande desenvolvimento. Dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) apontam :  98,5 milhões de hectares explorados, dos quais 50 em pastagens  cultivadas, 30 em pastos naturais, 15 em cultivos anuais e 3,5 em perenes e florestais.

O Cerrado responde por mais de 55% da produção nacional de soja, com níveis de rendimento em Estados como Mato Grosso (3.000 kg ha-1) e Goiás (2900 kg ha-1)  superiores aos da média nacional (2782 kg ha-1).  Sua importância  verifica-se também no algodão, milho, arroz e feijão,  culturas que contribuem com 76%, 31%, 18% e 22% da produção nacional. Esse cenário tem sido enriquecido, também, com a  participação do sorgo, do girassol, da cevada, do trigo, da seringueira, das espécies hortícolas e da indústria de  transformação. Na pecuária, os números são bastante expressivos, com 42% dos 176 milhões de bovinos do rebanho nacional  responsáveis por 55% da produção de carne.

Mas então, o que há de errado para ficarmos tão preocupados com o futuro do Cerrado, rico, exuberante produtor de alimentos, celeiro do Brasil? Especialistas em desertificação acreditam que a cobertura vegetal restante do Cerrado desaparecerá nos próximos 20 anos. Com ela desaparecerá ainda rios, nascentes, milhares de espécies animais e vegetais.

Temos aqui a segunda maior diversidade do planeta. Cerca 6.500 espécies de plantas das quais 200 apresentam perspectiva de uso econômico. A fauna abriga mais de 300 espécies de vertebrados e cerca de mil gêneros de  fungos. "Portanto, as práticas agrícolas utilizadas nesse ambiente devem ser modernas, sustentáveis e ambientalmente  corretas", também segundo a Embrapa.

Sinceramente, o que podemos propor para salvar, reverter o processo de destruição da "Savana Brasileira" com uso de bom senso e tecnologia apropriada? Como produzir alimentos gerando renda, mas garantindo a preservação ambiental? No meu entendimento, "a boa  agricultura" (Orgânica) é a grande e única saída para a preservação do Cerrado, com uso de alta tecnologia para aumentar a produtividade  conservando o bioma, onde nascem as seis grandes bacias hidrográficas de nosso país.

Fundamentada no tripé que une o economicamente viável, o ambientalmente correto e o socialmente justo, a Agricultura Orgânica representa maior qualidade de vida com alimentos naturais, sem resíduos de agrotóxicos e insumos químicos que contaminam o solo e os recursos hídricos,  e cujo acúmulo no organismo provoca variados tipos de doenças. Quem adere ao que chamamos de "revolução orgânica" assume um novo estilo de vida com compromisso com a sustentabilidade e o meio ambiente.

A produção agroecológica sustentável integrada tem outras características. Além de respeitar o meio ambiente e os recursos naturais, as práticas orgânicas têm uma dimensão social: a valorização do trabalho e do trabalhador rural.

Também não podemos esquecer que a Copa de 2014 promete ser uma grande vitrine para os produtos orgânicos no Brasil. A preocupação da FIFA com a segurança alimentar de jogadores, das comissões técnicas e de todos aqueles envolvidos na realização do maior evento esportivo mundial, deve estimular a produção e o consumo de alimentos orgânicos nas doze cidades-sede escolhidas.

A preocupação com a sustentabilidade tem provocado a elaboração de políticas públicas que reduzam o impacto de nossas existências sobre o meio ambiente. O Cerrado corre perigo, todos nós sabemos. Então vamos discutir novas formas de preservá-lo, criando normas e leis para isso.

Esta Semana Nacional de Proteção do Cerrado é uma boa oportunidade para refletirmos e renovarmos nosso compromisso com a natureza e sobre a sustentabilidade do estilo de vida que levamos.

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